terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Quando os Noivos deixam o ninho...

Foto: Anna Botelho

Certa vez, conservando com a mãe de uma Noiva, ela comentou que o sofrimento maior no casamento de sua filha foi no momento que ela começou a levar todas as roupas do armário.
Ela contou o quanto foi sofrido esse dia e o quanto foi difícil se fazer de forte como se tudo isso fosse natural, mas não conseguiu.
Ela desabou!
E agora? Como seria aquele quarto vazio?
O silêncio das conversas entre mãe e filha, ou até mesmo entre mãe e filho, pois esse sentimento não é diferente, sendo homem ou mulher.
O jantar à mesa ficaria reduzido com a falta da menininha do papai e a cama estaria sempre arrumada.
Até aquele momento, eu não tinha atentado para esse sentimento que tanto abalava os pais.
Eu tenho apenas um filho e, graças a Deus, ele já está casado há seis anos, mas eu não vivi o drama do ninho vazio.
Ao contrário de muitas mães, eu tive o privilégio de ganhar uma filha que veio preencher e alegrar nosso ninho.
É importante que os Noivos pensem nesse momento e façam os movimentos com mais cautela e sensatez.
Não importa a sua independência financeira, o sofrimento dos pais será o mesmo.
O importante é começar a retirar aos poucos alguns cabides, com um espaço de tempo maior, e, se possível, colocar em mochilas para que as mães não observem.
É interessante que alguns trajes continuem nos cabides do armário e que não sejam levados.
Será uma forma de manter a sensação da sua presença e aquele característico cheirinho dos filhos amados.
Em maio de 2016, farei o casamento de uma Noiva que é filha única e eu já estou imaginando como será esse momento.
Ela já me contou que a sua mãe pediu que ela não desfizesse o armário.
Vocês podem imaginar que as lágrimas já estão rolando.
Fiz um casamento que o Noivo chamava-se Vinicius (o mesmo nome do meu filho) e também era filho único. Nós conversávamos bastante e ela narrava como seria o momento de vê-lo seguir a sua própria vida ao lado de sua esposa.
No dia do casamento, quando ele a abraçou e os dois choraram muito, eu também chorei, imaginando como seria o meu ninho vazio.
Algumas pessoas podem imaginar que tudo isso é uma besteira e que os pais devem estar preparados para esse momento.
Não. Não é bem assim que os sentimentos são avaliados.
Segundo o relato de uma Psicóloga: a tristeza presente nessa síndrome vem acompanhada pela ausência de objetivos e pode transformar-se em depressão.
Nada vai substituir a saída dos filhos, mas é preciso entender que a fase da vida mudou, e se a pessoa não buscar outras fontes de prazer ela pode desenvolver muitas doenças.
Não é para ignorar os sintomas mas, sim, aceitar a dor, aceitar a saída dos filhos, se adaptar a essa mudança e dar novo sentido à vida.
Alguns psicólogos pedem até que adotem cães para preencher o vazio de sua vida.
Vejam como esse assunto é delicado e sério.
Imagino que muitas pessoas jamais pararam para pensar nisso, nem olharam para os pais com esse conhecimento.
Foi pensando em tudo isso que resolvi escrever esse artigo e dividir um pouquinho de tudo isso com vocês, cerimonialistas, amigos e pais.
Algumas mudanças no comportamento dos pais, no decorrer da organização do casamento, têm muito a ver com tudo isso.
Sou mãe.
Sou profissional.
Sou sentimental.


Sou Fatima Ziegler.
Professora de Protocolo, Etiqueta e Postura
Cerimonialista de Casamentos

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